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Impacto Transgeracional das Experiências Adversas na Infância (ACE) em Crianças

Atualizado: 25 de out. de 2024


Objetivo: Compreender como as experiências adversas na infância das mães (ACEs) afetam a saúde mental de seus filhos, especialmente em famílias em situação de vulnerabilidade, como a falta de moradia.


O que são ACEs?


As Experiências Adversas na Infância (ACEs, do inglês Adverse Childhood Experiences) referem-se a situações traumáticas vividas por crianças, como abuso físico, emocional ou negligência, além de disfunções familiares, como vício de substâncias e prisão de um dos pais. Estas experiências têm um impacto profundo e duradouro na saúde mental e física da pessoa ao longo da vida.


Exemplos de ACEs incluem:


  • Abuso físico, emocional ou sexual


  • Negligência física ou emocional


  • Presença de membros da família com problemas de substâncias ou doenças mentais


  • Testemunhar violência doméstica


  • Divórcio ou separação dos pais


  • Encarceramento de um membro da família



Impacto Transgeracional


Quando falamos de impacto transgeracional, nos referimos à forma como os traumas vividos pelos pais (especialmente pela mãe) podem afetar os filhos, não apenas em termos comportamentais, mas também em aspectos biológicos e psicológicos.


Estudos mostram que:


Traumas da mãe podem influenciar diretamente os comportamentos internos (internalizing, como ansiedade e depressão) e externos (externalizing, como agressividade) de seus filhos.


Além dos fatores comportamentais, há também uma transmissão biológica, como a influência sobre o desenvolvimento cerebral da criança durante a gestação.



Modelos de Estudo


O estudo comparou dois modelos para entender como as ACEs das mães afetam os filhos:


1. Modelo de Especificidade: Avalia cada ACE individualmente para ver seu impacto direto nos filhos.



2. Modelo Dimensional: Agrupa as ACEs em duas categorias principais:


  • Maus-tratos (abuso físico, emocional e negligência)


  • Disfunção familiar (problemas de vício, separação dos pais, encarceramento)


Resultados:


O modelo de especificidade mostrou-se mais eficaz, indicando que eventos específicos como abuso físico e encarceramento parental previam mais os problemas comportamentais das crianças do que uma análise global de todas as ACEs.


Impacto no Comportamento das Crianças


  • Problemas internalizantes: Crianças cujas mães sofreram abuso físico ou cujo pai foi encarcerado apresentaram mais comportamentos internalizados, como ansiedade e depressão.


  • Problemas externalizantes: O uso de substâncias pelos pais foi associado a menos comportamentos externalizados nas crianças, o que foi uma descoberta inesperada e possivelmente relacionada ao ambiente de reabilitação em que o estudo foi conduzido.


Homelessness e ACEs


Famílias sem moradia estão frequentemente expostas a múltiplos ACEs, o que agrava os problemas de comportamento nas crianças. O estudo encontrou que muitas dessas mães e filhos experimentaram mais de quatro ACEs, o que coloca essas crianças em maior risco de problemas de saúde mental e social a longo prazo.


Implicações Práticas para Intervenção


Os programas de intervenção devem focar em:


  • Avaliar individualmente as ACEs das mães e filhos para proporcionar intervenções mais precisas.


  • Oferecer apoio específico para mães que sofreram abuso físico ou cujos pais foram encarcerados, pois essas experiências têm impacto mais forte nas crianças.


  • Desenvolver programas de suporte social que ajudem mães a lidar com seus traumas e ensinar habilidades parentais.



Conclusão: Intervenções que se concentrem nas experiências individuais podem interromper o ciclo de adversidades transgeracionais e melhorar a saúde mental e o desenvolvimento das crianças.



Referências: Estudo baseado em "Transgenerational impact of maternal adverse childhood experiences on children's mental health among families experiencing homelessness" (Boullion et al., 2024).


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