top of page

Como combinamos informações para fazer julgamentos


Hoje vamos aprender como a Teoria da Integração da Informação pode ser aplicada na prática para tomar decisões em situações de incerteza. Vamos explorar como combinamos diferentes informações para fazer julgamentos e como podemos aplicar essa teoria em decisões arriscadas, como apostas ou situações financeiras.


O que é a Teoria da Integração da Informação?


A teoria sugere que, quando tomamos decisões baseadas em várias informações, damos diferentes pesos e valores para cada pedaço de informação. Em resumo:


  • Cada pedaço de informação tem um valor subjetivo (quão importante ou bom achamos que é) e um peso subjetivo (quão relevante é essa informação para nossa decisão).

  • Usamos esses valores para calcular uma resposta ou julgamento final, que pode ser representado por uma soma ponderada.


A equação básica dessa teoria é: R=C+∑(wi⋅si)R = C + \sum (w_i \cdot s_i)R=C+∑(wi​⋅si​)

Onde:


  • R é a nossa resposta final.

  • w_i é o peso subjetivo da informação (importância).

  • s_i é o valor subjetivo da informação.

  • C é uma constante que pode incluir vieses de resposta (não vamos focar nisso aqui).


Na prática, isso significa que, ao julgar algo, como o valor de uma aposta, não tratamos todas as informações da mesma maneira. Algumas informações pesam mais que outras.


Exemplo Prático:


Imagine que você está avaliando duas opções de aposta:


  1. Você pode perder R$10 com 70% de chance ou ganhar R$50 com 20% de chance.

  2. Você pode perder R$20 com 40% de chance ou ganhar R$100 com 10% de chance.


Para tomar uma decisão, você atribuiria um valor subjetivo ao quanto você se sente sobre ganhar ou perder e quão importante é essa probabilidade para você.


Aplicação em Decisões Arriscadas: O Modelo das Apostas Duplex


Para entender essa teoria em decisões arriscadas, como apostas, podemos usar um conceito chamado de apostas duplex, introduzido por Slovic e Lichtenstein (1968). Nessas apostas:


  • duas partes independentes: uma parte da aposta onde você pode perder dinheiro e outra onde você pode ganhar dinheiro.

  • As probabilidades de perder e ganhar são independentes, ou seja, uma não influencia a outra.


Como Funciona na Prática?


Cada parte da aposta é avaliada separadamente:


  • A perda é representada por uma probabilidade (exemplo: 70%) de perder uma quantia de dinheiro (exemplo: R$10).

  • O ganho é representado por uma probabilidade (exemplo: 20%) de ganhar uma quantia de dinheiro (exemplo: R$50).


A teoria da integração da informação sugere que, em vez de usar os valores exatos das probabilidades e quantias, as pessoas usam valores subjetivos. Ou seja, o quanto elas realmente sentem o valor do dinheiro e a probabilidade de ganhar ou perder.


Na equação, o resultado seria: R=wg⋅Sg+wp⋅SpR = w_g \cdot S_g + w_p \cdot S_pR=wg​⋅Sg​+wp​⋅Sp​

Onde:


  • w_g e w_p são os pesos subjetivos para o ganho e a perda, respectivamente.

  • S_g e S_p são os valores subjetivos para o ganho e a perda.


Na prática, isso significa que, ao avaliar essas apostas, o valor emocional e a relevância da perda podem ser maiores que o ganho, mesmo que os valores objetivos sejam os mesmos.


Diferença entre Valores Subjetivos e Objetivos


Uma das lições importantes da teoria é que os valores subjetivos de dinheiro e probabilidade muitas vezes não correspondem aos valores objetivos. Ou seja, não é só porque a chance de ganhar é 50% que você sente isso como realmente 50%.


Na prática:


  • A chance de perder pode parecer maior do que realmente é, e a dor de perder dinheiro pode ser muito maior do que a alegria de ganhar a mesma quantia.

  • Muitas vezes, o valor emocional de R$100 pode não ser o dobro do valor emocional de R$50. A percepção humana tende a ser não linear.


Exemplo Prático:


Vamos imaginar que você está em uma aposta onde pode:


  • Perder R$50 com 50% de chance.

  • Ganhar R$100 com 20% de chance.


Mesmo que, objetivamente, o ganho seja maior, muitas pessoas se sentiriam mais impactadas pela potencial perda de R$50, e essa sensação pode pesar mais na decisão final.


Aplicações Práticas da Teoria


Onde podemos aplicar essa teoria no dia a dia?


  1. Decisões financeiras: Ao tomar decisões sobre investimentos, as pessoas tendem a superestimar o risco de perder dinheiro, mesmo que as chances de ganho sejam objetivamente maiores.

  2. Tomada de decisões em negociações: Quando você negocia um contrato ou um acordo, o valor subjetivo de certas concessões pode ser maior ou menor para você, dependendo de como você se sente sobre as partes envolvidas.

  3. Escolhas do consumidor: Quando compramos um produto caro, muitas vezes avaliamos não só o preço, mas também outros fatores subjetivos, como a marca, a qualidade percebida, e a importância que damos ao produto.


A Teoria da Integração da Informação nos ajuda a entender que, ao fazer julgamentos e tomar decisões, usamos uma combinação de pesos e valores subjetivos. Isso é especialmente útil em decisões incertas, como apostas, onde não vemos as probabilidades e valores de forma completamente objetiva. Ao entender essa teoria, você pode melhorar sua tomada de decisões, considerando não só os valores objetivos, mas também como você se sente em relação às alternativas disponíveis.


Pergunta para reflexão:


Pense em uma decisão recente que você tomou, seja financeira ou pessoal. Como você acha que seus valores subjetivos influenciaram sua escolha?


Fonte: Anderson, N. H., & Shanteau, J. C. (1970). Information integration in risky decision making. Journal of Experimental Psychology, 84(3), 441–451.

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page