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Foto do escritorSoporte Trazzo

História vs. Construção de Mundo: O que é o quê?

Aprendendo com The Theory and History of Subcreation de Mark J.P. Wolf.




Quando falamos de histórias e construção de mundos, estamos falando de duas coisas diferentes que muitas vezes se misturam, mas têm funções separadas. Veja:


  1. História (Story): É o que acontece com os personagens em uma sequência de eventos. Envolve tempo (quando as coisas acontecem), espaço (onde acontecem) e causa (por que algo aconteceu). É o enredo, os personagens e o desenrolar da ação.

  2. Construção de mundo (World-building): Isso significa criar o mundo onde a história acontece. Pode incluir o ambiente, a cultura, a história do lugar, as regras da física (se for um mundo de fantasia, por exemplo), os povos que vivem ali, etc. Este mundo pode ter muitos detalhes que nem sempre estão diretamente ligados à história principal.


Como eles se relacionam?


Uma história sempre precisa de um mundo, porque a ação tem que acontecer em algum lugar. Pode ser o mundo real (o nosso mundo) ou um mundo imaginário (como o mundo de Harry Potter ou O Senhor dos Anéis). No entanto, você pode criar um mundo sem ter uma história imediata acontecendo nele. Por exemplo, você pode imaginar um mundo com criaturas mágicas, diferentes tipos de clima, cidades, sem ter uma história específica.


Agora, aqui está o ponto importante: uma história não precisa mostrar todo o mundo em que ela acontece. Às vezes, o autor só revela o que é necessário para que a história avance, sem explicar todos os detalhes do mundo.


Diferença entre História e Construção de Mundo


Escritores são frequentemente ensinados a manter o foco na história e eliminar partes que não a fazem avançar (isso é chamado de economia narrativa). Isso significa que tudo que não ajuda a história a ir para frente, como detalhes sobre o mundo, pode ser cortado. Mas... há um detalhe: o excesso de detalhes sobre o mundo pode ser importante para criar a atmosfera e envolver o leitor.


Pense em como você se sente quando está lendo um livro onde o mundo é bem descrito. Isso faz com que o mundo pareça real, certo? Mesmo que essas descrições não movam a história para frente, elas ajudam a criar uma sensação de imersão. É como entrar em uma nova realidade.


Um Exemplo para Ficar Claro:


Veja o autor L. Frank Baum, que escreveu O Mágico de Oz. Algumas das histórias dele podem ter problemas com enredo ou personagens (ou seja, a história pode não ser tão boa), mas o mundo que ele criou – o mundo de Oz – é muito detalhado e interessante. Então, embora a história possa não ser a melhor, o mundo que ele criou é fascinante.


Mundos Sem Histórias?


Sim, mundos podem existir sem histórias. Pense em um videogame onde você pode explorar um lugar mesmo sem seguir uma missão. Você está em um mundo, mas não há uma história específica acontecendo com você. Agora, uma história não pode existir sem um mundo. Você não pode ter um enredo sem que algo aconteça em algum lugar.


O que é "Impulso Enciclopédico"?


Esse é um termo difícil, mas vou simplificar: algumas obras (livros, filmes, jogos) têm o que chamamos de impulso enciclopédico, ou seja, sentem a necessidade de parar a história para explicar coisas sobre o mundo. Isso acontece, por exemplo, quando o autor descreve o cenário, a cultura das pessoas, os costumes ou até a história daquele lugar.

Em vez de continuar com a história, o autor dá uma pausa e nos ensina sobre o mundo. Isso pode acontecer em várias formas:


  • Pode ser o personagem principal contando coisas para o público;

  • Ou pode ser o personagem descobrindo o mundo junto com o leitor, com outro personagem explicando tudo.


Exemplos Famosos:


Existem diferentes tipos de obras que focam mais na construção do mundo do que na história:


  • Avatar (2009), de James Cameron: Criou o mundo de Pandora para entreter, com suas criaturas e paisagens incríveis. O enredo é importante, mas muito do filme é sobre a exploração desse mundo novo.

  • Utopia, de Thomas More: É uma obra que explora uma ideia política e social, e o foco é menos na história e mais na descrição do mundo perfeito que o autor imagina.


Em muitos videogames, o mundo é tão importante quanto a história. Jogos de aventura ou exploração (como The Legend of Zelda, por exemplo) são bons exemplos, onde o jogador quer descobrir o mundo ao redor enquanto segue uma história.


Como História e Mundo se Complementam?


No final, o ideal é que a história e a construção de mundo trabalhem juntas. Um bom autor sabe quando parar de contar a história para mostrar mais do mundo, e quando seguir em frente sem adicionar detalhes desnecessários. Se o mundo for bem construído, ele vai parecer existir além da história, dando a sensação de que há muito mais a descobrir, mesmo que o leitor não veja tudo.


Lembre-se: a construção de mundos é importante, mas é a história que geralmente nos mantém interessados em explorar esse mundo. Um mundo pode ter várias histórias dentro dele, mas cada uma tem que ter o seu próprio equilíbrio.




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