Ao falar de filosofia, muitas pessoas podem pensar em textos densos, perguntas sem resposta e discussões infinitas sobre a existência. Mas para mim, a filosofia é o que conecta o mundo que vejo com o que quero entender. É um campo de descobertas constantes.
Lembro daqueles dias no ensino médio, quando o estudo da filosofia não era mais do que uma disciplina em minha grade. Mas à medida que as aulas progrediam, percebi que toda vez que o professor mencionava um nome ou conceito, sentia um impulso irracional de ir além do que nos ensinavam.
Não me contentava em ficar na superfície; queria ir aos detalhes, entender cada pensamento e desvendar seu significado. Era como estar numa viagem de carro e, ao me deparar com uma encruzilhada, decidir me aventurar por um caminho desconhecido, esperando por novas paisagens e descobertas.
Mas o universo tem maneiras surpreendentes de recompensar a curiosidade. Graças ao meu insaciável desejo de saber, tive a oportunidade de ser reconhecida pelo meu trabalho, sendo convidada para seminários fora da minha cidade, onde apresentei minhas reflexões junto a colegas e professores. Para uma garota do interior como eu, isso era algo impensável; nunca imaginei que um amor pela filosofia me levaria tão longe.
O tempo passou, e a universidade se tornou um novo desafio. Lembro quando encarei o livro de Hume, um texto que a princípio parecia indecifrável. Mas a filosofia havia me ensinado a não desistir, a acreditar na minha capacidade de compreensão. Então li uma, duas, três vezes... e finalmente entendi. Resolver esse quebra-cabeça foi como desbloquear uma parte de mim que não sabia que existia, uma capacidade de perseverança e determinação que agora valorizo.
Hoje, a filosofia continua sendo uma fiel companheira, mesmo na minha prática como artista. Quando a inspiração falta, encontro refúgio nas palavras de Agamben, Foucault ou Didi-Huberman. Seus textos, suas reflexões, tornam-se o estímulo que preciso para dar vida a novas histórias e conceitos.
A filosofia não apenas mudou minha vida: mostrou-me quem sou e me deu ferramentas para enfrentar cada desafio. Ela nos ensina a olhar além do óbvio, a questionar, a explorar. E graças a ela, encontrei minha voz, minha paixão e, acima de tudo, a mim mesma.
O que para mim foi a filosofia, para outros pode ser algo completamente diferente. Pode ser que para você seja a música, o teatro, a pesca, o esporte ou qualquer outra prática ou conhecimento. O essencial não é o veículo, mas a jornada: essa busca incessante que te permite se situar no mundo e, sobretudo, proporciona novos conhecimentos sobre si mesmo. É esse fogo interno, essa paixão que nos impulsiona a querer mais, a saber mais e a nos superar. O que realmente importa é encontrar algo que desperte em você o desejo de explorar, questionar e crescer. No final, é através dessas paixões que descobrimos quem realmente somos.
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